quarta-feira, 14 de março de 2012

Por que as mulheres estão bebendo mais?


As mulheres têm consumido mais bebida alcoólica do que antes. Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Ministério da Saúde aponta que 10,6% das entrevistadas no ano de 2010 admitiram exagerar na bebida, contra 8,2% no ano de 2006. De acordo com a fonte, é considerado consumo excessivo quando elas ingerem quatro doses ou mais de bebidas alcoólicas numa mesma ocasião, e quando isso se repete ao menos uma vez por mês. Para discutir esse assunto, consultamos Ana Cristina Fulini, coordenadora do departamento de dependência química da Clínica Maia Prime, em Itapecerica da Serra, e Ana Cláudia de Souza, psicóloga do consultório Relações - Psicologia e Psicoterapia, em Florianópolis.

Causas

As especialistas obervam que a mentalidade da população, em geral, está mudando. A mulher vem conquistando mais direitos em todas as esferas da sociedade. Com isso, mudaram-se os costumes e melhoraram suas condições de vida. Mas, com sua nova carga de trabalho, muitos hábitos estão sendo incorporados, como o de consumir álcool após o expediente.  “Hoje não é mais estranho encontrá-la num barzinho com amigos ou familiares. Com a oportunidade, a probabilidade de abusos aumenta”, diz Ana Cláudia. “Além disso, existe um mercado destinado à mulher, e as indústrias sabem - a partir de pesquisas - quais são as bebidas preferidas delas”, complementa Ana Cristina. 

Cada caso é um caso

“A bebida, como a comida, os esportes, entre outras coisas, pode ser um prazer construtivo ou não, depende da relação que é estabelecida e do limite que a pessoa se dá”, diz Ana Cláudia. “Se, numa festa de família ou entre amigos, beber for ajudá-la a se sentir mais próxima daquilo que deseja, com moderação pode ser um ato realizador. Mas a questão tem que ser vista dentro do conjunto de vida da pessoa, se a inclui ou exclui”, exemplifica.

Consequências

As consequências do abuso são muitas, e ocorrem em todos os aspectos: sociais, físicos, psicológicos e afetivos. “A mulher compromete-se socialmente, pois pode sofrer preconceito por beber e ser excluída. Fisicamente, ela pode ter mais problemas que o homem, pois o álcool danifica mais o funcionamento do organismo feminino devido a uma afinidade que tem com células gordurosas, permanecendo mais tempo em seu corpo. Ele também desencadeia transtornos da afetividade e do humor, sendo a mulher muito mais vulnerável nesse sentido do que o homem”, explica Ana Cristina.

“O álcool nos tira a condição de reflexo, lucidez e controle emocional. É indiscutível que qualquer pessoa alcoolizada está sujeita a atos indevidos, já que perde o controle adequado de suas emoções e o discernimento das consequências de seus atos. Fica sujeita então a agressões e abusos de toda ordem: violência, intransigências e agressões nas diversas relações interpessoais”, a Ana Cláudia.

Qual é o limite?

“Não existe um número exato de doses, esse limite é individual, mas sabemos que, para uma mulher, duas doses já comprometem a forma de dirigir, e isso já é um problema em si. Podemos afirmar que, acima disso, já há um risco considerável na hora de tomadas de decisão”, informa a coordenadora do departamento de dependências químicas. “O limite é aquele que não estraga a festa, nem o prazer de um encontro em família, que permite que a pessoa conviva socialmente sem perturbar a sua vida e suas relações interpessoais”, complementa a Ana Cristina.

Quando procurar ajuda?

“Sempre que perceber que bebe porque precisa, e que não consegue se controlar, mesmo querendo parar”, a Ana Cláudia. “Quando as pessoas à sua volta apontarem seu hábito, ou você mesma perceber que tem no álcool um apoio emocional, todo mundo quer parar de beber e você não, ou quando demora mais para se recuperar dos efeitos de uma ressaca em relação a outros episódios anteriores... Esses já são bons indícios de problemas à vista”, avisa Ana Cristina.

Nenhum comentário: